Visão Limitada

   “Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At. 1: 6).

       Nossa visão das coisas é infinitamente pequena diante da visão de Deus (Is. 55: 9). Essa é a razão pela qual muitas vezes pedimos e não recebemos, oramos e não temos respostas (Tg. 4: 3). Isso acontece porque o Senhor considera nossas necessidades de maneira muito mais abrangente, priorizando os interesses de nossa alma no sentido de alcançar a vida eterna. Por isso, nunca devemos entristecer com o silêncio de Deus em relação a muitos sonhos que temos, e não os vemos tornar realidade. Devemos sim é ter a consciência de que, quando estamos vivendo na prática da justiça divina, todas as coisas contribuem para o nosso bem, ainda que não as entendamos de imediato (Rm. 8: 28).

       O versículo que apresentamos acima relata sobre indagação dos discípulos de Jesus, momentos antes de sua ascensão (At. 1: 9). Na visão daqueles homens simples e de pouca cultura, Deus havia enviado Jesus apenas com a missão de restaurar o reino de Israel. Eles eram como muitos de nós hoje que não conseguimos enxergar além de nossos próprios interesses. Mas respondendo de maneira adequada, Jesus mostrou que nem tudo está ao alcance de nossos conhecimentos, mas que apesar disso, eles haveriam de receber poder através do Espírito Santo. Veja o texto:

     “... Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (At. 1: 7-8). 

       Possivelmente, naquele momento eles não entenderam bem a resposta do Senhor. Mas hoje, dois mil anos depois, todos aqueles que são chamados a entendem perfeitamente. A restauração trazida pelo Filho de Deus não se limitava ao reino físico do povo de Israel. Ela dizia respeito ao reino espiritual de toda a terra, que fora perdido pelo homem lá no Éden, e até aquele tempo estava nos domínios da antiga serpente.

       Quando a pergunta foi feita e a resposta foi dada, Jesus havia revelado tudo o que já aconteceu no decorrer desses dois mil anos, e o que ainda está para acontecer em tempo futuro. Mas mesmo assim os discípulos não conseguiam vislumbrar a grandiosidade da obra que Deus estava realizando em favor, não só deles, mas de todos os seres humanos. A visão limitada daqueles discípulos, com referência ao significado da primeira vinda de Jesus, prefigura a visão de muitos de nós hoje em relação à importância do evangelho.

       A grande maioria daqueles que são chamados para conhecer a verdade e ser liberto (Jo. 8: 32), não busca um entendimento mais profundado daquilo que representa para sua vida o privilégio de ser guiado pelo poder do Espírito Santo (Jo. 16: 13). Uns porque não são orientados pelas lideranças do grupo a que pertencem; outros porque não levam em conta que o reino de Deus é tomado por esforço (Mt. 11: 12). Eles não consideram que o Espírito Santo é o poder de Deus, e que Ele só está com nós se O buscarmos. Veja esse texto:

      “... O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará. ” (2 Cr. 15: 2).

       Esse aspecto da igreja do Senhor se torna muito triste, quando nos lembramos das advertências de Jesus sobre o que vai acontecer no tempo da grande tribulação, que, diga-se de passagem, deve estar bem próximo. Veja:

      “porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais” (Mt. 24: 21).

       As saídas da vida procedem do coração (Pv. 4: 23). Portanto, nada melhor do que ampliar nossa visão com o conhecimento dos propósitos de Deus, pois fazendo isso estamos ajuntando verdadeiro tesouro nos céus (Mt. 6: 19).  

       Que o Senhor possa falar melhor ao seu coração.