“… tomando o cego pela mão, levou-o para forada aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam.” (Mc. 8: 23-24).
Observando os milagres feitos por Jesus em seu tempo, notamos que, por muitas vezes, ele agiu de modo diferente para curar um mesmo tipo de enfermidade. Isso mostra que as curas e libertações feitas naquela época foram habilmente planejadas por Deus, não só para abençoar as pessoas, mas também para prefigurar futuras situações que hoje estão ocorrendo em nosso meio.
O primeiro versículo que apresentamos acima mostra o Senhor levando o cego para fora da aldeia antes de impor-lhe as mãos. Ora, a aldeia representa o lugar onde frequentamos, e quase sempre exerce influência sobre nossa maneira de pensar e agir. Assim, procurando afastar o cego daquele lugar, Jesus deu o entender de que ali havia algo contribuindo para o mal daquele homem. Situação semelhante acontece com muitas pessoas hoje em relação à visão espiritual. Os lugares que elas frequentam são verdadeiras fontes geradoras de pecados, e se elas não os abandonarem ficarão cada vezmais cegas das verdades contidas nas Escrituras Sagradas.
O segundo versículo acima reproduzido (24) relata as atitudes de Jesus para restaurar as vistas do cego. Mesmo tendo poder para curá-lo apenas com uma ordem, o Senhor fez questão de colocar o seu próprio cuspe e impor as mãos naqueles olhos doentes. Isso representou um tipo diferenciado de atitude, em relação a outas curas do mesmo mal (Mc. 10: 51-52). Era de se esperar um grande efeito pelos recursos adotados. Mas isso não aconteceu. Perguntado se estava enxergando, o cego respondeu que via os homens como árvores andando.
Está prefigurada aí a visão que muitos cristãos têm do evangelho em nossos dias. Eles receberam um toque das mãos de Jesus, não são mais cegos espirituais, já foram retirados das aldeias geradoras do pecado, mas têm uma visão parcial da Palavra de Deus. Isso indica a necessidade de buscar um segundo toque das mãos do Senhor, para que vejam com perfeição o caminho que nossa alma tem de percorrer para alcançar oreino dos céus. Veja o texto a seguir:
“Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.” (Mc. 8: 25).
Jesus não concordou em deixar aquele homem com uma visão imperfeita. Essa foi uma clara demonstração de que ele não aceita cristão vivendo seus ensinamentos pela metade (Ap. 3: 16-17). Por isso, precisamos ter o cuidado de não guardar dúvidas com respeito à visão da Palavra do Senhor descrita no evangelho. O Salvador está pronto para dar um segundo toque em nosso espirito a fim de que venhamos enxergar límpido e longe o caminho que nos conduz à salvação. Veja o texto:
“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.” (Jo. 15: 7-8).
O Senhor faz tudo para que cada cristão venha a ser como o sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5: 13-14). Portanto, a visão límpida e clara do evangelho depende mais de nós do que das pessoas que nos ensinam, mesmo porque a santa Palavra é revelada quando Deus vê uma boa vontade em nosso coração (Mt. 16: 17).
Amigo, busque a qualquer custo distinguir o evangelho de modo perfeito (Mt. 5: 48). Enxergar límpido e longe significa ter uma clara visão espiritual dos fatos que ocorrem no mundo de hoje e no mundo do porvir. É da vontade de Deus que essa visão seja alcançada. Por isso, nós é que devemos dar o primeiro passo, certos de que o Espirito Santo nos ensinará (I Jo. 2: 27).