“Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.” Ap. 12: 10).
Ao descrever o destino espiritual de duas pessoas que viveram de formas diferentes, Jesus falou de Lázaro, um homem que – supostamente - passou a vida na fidelidade da lei de Deus, apontando seu destino como sendo um lugar nas alturas celestiais, a que chamou de Seio de Abraão (Lc. 16: 23). Sabemos que Abraão foi o homem escolhido por Deus para, através dele, o Senhor dar inicio ao plano de salvação, e nos retornar do reino das trevas para a perfeita comunhão com o Criador (Gn. 12: 1-2-3). Mas surge daí uma pergunta: porque Jesus apontou um lugar privilegiado nos céus com o nome de Seio de Abraão? Tudo faz crer que há uma diferença entre o Seio de Abraão e o reino da glória.
O versículo acima relata sobre o que vai acontecer ainda em futuro, quando muitas vozes em vida espiritual nos céus proclamam a vitória do arcanjo Miguel na derrubada de satanás (Ap. 12: 13). Numa expressão de alegria, essas vozes mostram que esperavam por aquele momento. A exclamação de que agora veio a salvação, deixa claro que, apesar de estarem no descanso de Deus, seus autores ainda não tinham entrado no reino da glória (Veja Daniel 12: 13). Tudo faz crer que essas vozes são daqueles que estão no Seio de Abraão, como pessoas que viveram na obediência à vontade do Senhor antes da vitória de Jesus. Portanto, ao falar do destino de Lázaro, o Senhor deixou implícita a revelação de que as pessoas fiéis, que morreram antes de sua vitória, tinham como destino o Seio de Abraão. Entretanto, podemos hoje admitir que após o episódio do calvário, a porta do reino da glória foi aberta, e os fiéis e vencedores vão direto para o reino dos céus, se arrependerem de seus pecados. Veja o que Jesus disse ao ladrão arrependido: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lc. 23: 43).
Isso deixa evidente que a partir de Abraão, cujo exemplo de obediência o levou a abrir mão de seu único filho para o sacrifício, Deus preparou um lugar especial para os obedientes, como foram Davi, Samuel, Isaías e tantos outros servos fiéis que buscaram o temor da Sua soberana vontade. Mas também fica claro que a plena salvação só veio depois de consumada a vitória de Jesus no calvário.
Respondendo sobre as dificuldades que encontramos para alcançar a salvação, Jesus mostrou que um dia a porta para a entrada nela vai ser fechada. Isso vai acontecer no final da grande tribulação, quando será anunciado um evangelho eterno (Ap. 14: 6 e 7). Ele deixou subentendido também que nesse tempo aqueles que estão no Seio de Abraão alcançarão o reino dos céus. Entretanto a ordem de entrada ficará inversa, porque nós que morremos em Cristo, estamos entrando primeiro, e os que já estão no Seio de Abraão desde antes de Jesus estarão entrando por último (Lc. 13: 28-29-30). A razão dessa inversão é o fato de nenhum homem ter podido cumprir o desafio estabelecido por Deus no princípio da criação, para adquirir o direito de retornar ao reino que nos pertence. Veja a sentença que fala a esse respeito. Eis o texto:
“... o SENHOR Deus disse à serpente: ... Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn. 3: 14-15).
Na prática, ferir a cabeça da serpente significava vencer o diabo, passando pela terra sem pecar contra o Senhor. Essa foi a condição imposta para que o homem pudesse restaurar o reino espiritual da terra perdido por Adão. Mas só Jesus conseguiu fazer isto (Ap. 5: 4-5). Também foi a razão pela qual Jesus declarou a Nicodemos que ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem (Jo. 3: 13).
Amigo, o Seio de Abraão é o lugar onde estão os grandes heróis da fé, porque no tempo deles ninguém ainda havia ferido a cabeça da serpente. Por isso não alcançavam a salvação plena. Mas em nosso tempo as coisas são diferentes. Graças à vitória de Jesus, podemos alcançar o reino dos céus se arrependermos de nossos pecados. Veja a pregação de João Batista, o precursor de Jesus.
“Dai, pois, frutos dignos do vosso arrependimento, e não comeceis a dizer dentro de vós: Temos como pai a Abraão;... “(Lc. 3: 8).