PRISÃO DE ESPIRITOS

        Muitos textos bíblicos só são entendidos quando consideramos nossa existência de forma completa, levando em conta que a vida está no corpo, mas também – e especialmente - no espírito. Nesse ela é oculta e eterna; no corpo físico e palpável ela tem um tempo limitado (Gn. 3: 19). Por isso, o corpo morre, o espírito continua vivendo. Isso acontece porque no mundo espiritual Deus nos criou primeiramente em espírito, e depois nos colocou na terra, provendo-nos de um corpo físico para lidar com ela por um determinado tempo (Sl. 139: 16). Portanto, existe um mundo físico, palpável e visto aos nossos olhos, mas também um mundo espiritual oculto, que não vemos, e que é superior. Essa é a razão pela qual depois que o corpo morre, o espírito continua em plena atividade. A bíblia mostra que a morte não impediu as atividades de Jesus, e que  antes da ressurreição, durante os três dias em que seu corpo esteve no tumulo, ele pregou a Palavra do Senhor. Veja o texto:

       “... Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado ... na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca;...” (1 Pe. 3: 18-19-20).   

       O texto deixa claro que o povo que rejeitou a Deus e morreu no tempo de Noé, perderam seus corpos nas águas no dilúvio, mas seus espíritos continuam existindo em prisão. Eles foram considerados rebeldes contra o Senhor, da mesma forma que Adão e Eva, e por isso estão na mesma prisão, de onde só sairão no dia do juízo final (Jd. 1: 6). Em vida espiritual, Jesus pregou para eles, mostrando a verdade que eles rejeitaram. Isso deixa-nos convictos de que essa prisão eterna, a que se dá o nome de abismo, é pior que o inferno. No inferno, as almas se tornam cativas do diabo, por serem alocadas no primeiro e segundo céus, mas não ficam presas nas trevas. Os espíritos das pessoas que morreram sem salvação sabem disso. Eles sabem que no inferno, sofrendo mais ou sofrendo menos eles estão pagando pelos pecados que cometeram, mas ainda podem ter esperança de alcançar a vida eterna no dia do juízo final, quando serão julgados segundo suas obras (Ap. 20: 12). Mas aqueles que estão presos no abismo não têm essa esperança, pois já rejeitaram a Deus antes de morrer, serão soltos no dia do juízo apenas para receber a sentença da segunda morte (Ap. 20: 14-15). Foi por essa razão que a legião de demônios encontrada no homem da terra dos gadarenos suplicou a Jesus que não os mandassem para o abismo. Veja o texto:

      “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo.” (Lc. Lc. 8: 30-31).

       O abismo vai ser aberto no fim dos tempos, quando tocar a quinta trombeta, tem por rei o anjo chamado Apolion, e os espíritos que dele saírem vão atormentar os homens por cinco meses. Vai ser o primeiro ai do fim dos tempos, e suas vítimas vão sofrer, ao ponto de pedir a morte (Ap. 9: 6 a 11). Isso pode dar uma ideia do que acontece com aqueles que rebelam contra Deus, e que podem cair na prisão do abismo. Foi por isso que os demônios que estavam no homem da terra dos gadarenos ficaram aterrorizados ao ver Jesus. Eles sabiam que o Senhor tinha autoridade para os mandar para o abismo.

     Que o Senhor a quem servimos possa falar melhor ao seu coração.

                                                      
                                                                      Natanael de Souza