“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.” (Mt. 5: 43-44-45).
Cumprir os mandamentos de Deus em nosso relacionamento com as pessoas antes da era cristã era mais fácil que hoje. As regras estabelecidas estavam mais próximas de nossos desejos carnais, e por isso sua prática – em muitas situações – agradava nosso ego, permitindo a cobrança proporcional dos danos que alguém nos causasse. Naquele tempo o reino de Deus ainda não estava entre nós (Mt. 3: 1-2). Não conhecíamos a maneira pela qual as coisas acontecem no mundo espiritual. Mas hoje, com a vitória de Jesus no calvário, Deus restaurou nosso direito de reinar espiritualmente, e em contrapartida, passamos também a ter o dever de buscar a semelhança de Deus em nossas ações. O Senhor exige que venhamos a buscar a santidade (I Pe. 1: 15-16).
Os versículos que acima reproduzimos relatam alguns dos novos mandamentos de Jesus, referentes ao nosso relacionamento com as pessoas. Eles estabelecem regras normalmente contrárias ao que nosso coração pede quando somos afrontados por alguém. Por isso temos dificuldades em praticá-las. Mas é a prática dessas regras que nos aproxima do comportamento de Deus. A história mostra que no princípio da criação o homem se rebelou contra o Criador, e por sua má conduta o agente do mal veio a existir e passou a dominar (Gn. 3: 23-24 e Lc. 4: 6). Entretanto, nosso direito de reinar espiritualmente foi restaurado pelo grande amor de Deus, enviando Seu próprio Filho para pagar pelo nosso erro. Assim, Deus não cobrou o que devíamos a Ele. Pelo contrário, nos resgatou, com o sacrifício de Seu Filho, já que nenhum homem conseguiu vencer o reino das trevas como ele venceu (Ap. 5: 5). Por isso, aquele que quiser ser considerado filho de Deus deve tomar Sua conduta como modelo, praticando o bem, ainda que tenha recebido o mal (Rm. 12: 14).
O mal foi ativado no mundo pela vontade do homem e não de Deus (Gn. 3: 5-6). Portanto, todas as vezes que pagamos o mal com outro mal, estamos alimento seu crescimento na face da terra, e fazendo a vontade do agente maligno que opera ocultamente enganando o sentimento das pessoas. Isso quer dizer que evitar vingança é o caminho certo para não entrar em acordo com os planos do diabo. Por outro lado, quando liberamos o perdão imitamos ao Deus que nos perdoou.
Com certeza, foi por essa razão que Jesus, ao revelar a vontade de Deus, mandou evitar a vingança e praticar o bem, até mesmo para com os nossos inimigos. É claro que nosso coração não pede para fazer isso. Mas quando tomamos atitudes por obediência, o Espírito Santo muda nosso sentimento. Assim, praticar os mandamentos de Jesus é uma questão deobedecê-lo mesmo quando nosso coração não pede.
O apóstolo Paulo tinha plena certeza disso, quando advertiu de que a luta do cristão não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, potestades, e dominadores deste mundo tenebroso, forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef. 6: 12). Ele se referia aos domínios das grandes potestades malignas que buscam enganar os cristãos, semeando sentimentos odiosos para impedir que cheguemos a Deus (Hb. 12: 14).
Amigo, não se deixe enganar. Todas as advertências de Jesus vieram do trono de Deus (Dt. 18: 18); e devem ser praticadas, ainda que contrárias aos nossos desejos e sentimentos. Veja o que ele nos manda fazer: “… Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lc. 9: 23).Portanto, quando alguém te provocar a ira, eleve seus pensamentos ao Senhor e certamente Ele te ajudará a esquecer da afronta (Ef. 4: 26).