A Oração de Zacarias

  “... não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João. ” (Lc. 1: 13).  
 

      O início do texto diz que, apesar de viverem fiel aos mandamentos da lei de Deus, Izabel, mulher de Zacarias, era estéril e o casal já era avançado em dias (Lc. 1: 7).  Isso indica que nem ela nem Zacarias tinham mais esperança de ter um filho. Entretanto, havia uma oração feita por Zacarias pedindo ao Senhor que lhe desse um herdeiro. O texto não diz em que época ele orou, mas é de se presumir que tenha sido quando o casal ainda tinha idade adequada para gerar filhos, e, portanto, a muito tempo. A resposta não veio de imediato, mas mesmo assim Zacarias continuou cumprindo suas obrigações espirituais, prosseguindo sem questionar a demora de Deus em responder. Isso foi uma demonstração de que Zacarias e sua mulher não deixaram de ser fieis, mesmo diante da aparente falta de atendimento por parte do Senhor. 

      O versículo acima reproduzido relata as primeiras Palavras do anjo Gabriel ao descrever a benção que estava chegando. Zacarias se sentiu amedrontado. Possivelmente já nem lembrava mais de sua oração, mesmo porque, de acordo com seu entendimento, não havia mais condições, devido à idade ultrapassada. Mas sua grande falha foi demonstrar que não acreditava no poder de Deus acima da natureza humana (Lc. 1: 18). Essa incredulidade foi punida pelo anjo. Veja:

     “Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te estas boas-novas. Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas venham a realizar-se; porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, a seu tempo, se cumprirão. ” (Lc. 1: 19-20).

      Zacarias era um sacerdote ministrando na Casa do Senhor, e tinha o dever de acreditar naquilo que vinha de Deus, ainda que parecesse algo impossível. Mas ele se mostrou ao contrário, achando que sua idade e de sua mulher o impediam de gerar filhos. Certamente havia esquecido que, no passado, ocorrera semelhante situação com Abraão e Sara (Gn. 21: 1-2-3). Ele não considerou também que estava diante de alguém portando a unção de Deus, e por isso deveria ver suas Palavras de maneira especial. Isso levou o anjo a se identificar, declarando que era Gabriel (Lc. 1: 19).

      Essas duas falhas de Zacarias acontecem com muitos de nós nos dias atuais. Às vezes ouvimos falar do poder de Deus todos os dias, mas falhamos na hora de crer naquilo que aprendemos, e esquecemos de que nada se apaga na memória de Deus.  No tempo de Zacarias a benção não foi abortada porque ainda não se conhecia muito do reino de Deus. Mas em nosso tempo é diferente. Deus já enviou Seu Filho, revelou muitos detalhes do seu reino, e temos hoje excelentes condições para crer que tudo é possível. Portanto, quando cometemos a falha da incredulidade, a benção simplesmente è abortada (Mt. 5: 20).

      A segunda falha de Zacarias foi a de não dar uma conotação especial ao tratar com o anjo de Deus. Ele é importante. Em tempos passados esse mesmo anjo já tinha sido enviado ao profeta Daniel trazendo preciosas revelações proféticas (Dn. 8: 16 e 9: 21). Nunca devíamos esquecer de que quem porta a unção de Deus para determinado ministério, deve ser tratado de maneira especial, não pela pessoa em si, mas pela unção que Deus lhe outorgou. Quem não respeita a unção de Deus em alguém, está desconsiderando o próprio Deus. Davi sabia disso. Sendo perseguido pelo rei Saul, teve a oportunidade de matá-lo, mas não o fez. Os homens que o acompanhavam estranharam esse gesto, e Davi lhes explicou. Veja o texto:

     “e disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo eu a minha mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR.” (I Sm. 24: 6)

      As Escrituras afirmam que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm. 11: 29). Portanto, devemos respeitar aos que foram ungidos por Deus, mesmo que eles estiverem em decadência, como foi o caso do rei Saul. Zacarias não levou esses fatos em consideração, e ficou mudo até que João Batista nascesse (Lc. 1: 20).

     
        Amigo, não duvide do poder de Deus. Se você orou e ainda não foi respondido, não pense que o Senhor te esqueceu. Ele tem a memória detalhada de nossas atitudes, e ela será exibida a cada ser humano no dia do Juízo Final (Ap. 20: 12). Lembra que nós pedimos da forma que julgamos certa, mas Deus responde como Ele quer. Muitas vezes a resposta diverge de nossa expectativa. Por isso, quando estamos esperando a resposta de Deus, devemos conferir todos os sinais de bênçãos, e firmar nossa fé ao menor indicio de resposta (I Re. 18: 43-44-45).

    

       Que o Senhor te abençoe e te guarde.