O Próximo

   “Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? ” (Lc. 10: 29).    

      É muito comum convivermos com definições deturpadas, em relação ao verdadeiro sentido de algumas palavras. Até mesmo a legislação tende a mudar algumas delas, para adaptá-las ao costume do cotidiano. Sem dúvida, isso expressa um princípio democrático, que valoriza o respeito à vontade da maioria. Porém, quando se trata de examinar as Escrituras, é preciso levar em conta que o seu conteúdo está acima desse princípio, já que ele diz respeito à vontade de Deus e não do homem.

      O versículo acima reproduzido registra a pergunta de um fariseu a Jesus, diante da lei de Deus, mandando amar ao próximo como a nós mesmos(Lv. 19: 18). Ele pediu ao Senhor para definir quem era o seu próximo. O texto deixa transparecer que sua esperança era de uma resposta indicando o seu próximo como sendo alguém da mesma religião, ou pessoas que tivessem pensamentos identificados com ele.

      Mas certamente esse fariseu ficou surpreendido quando Jesus começou dar a explicação através de uma parábola(Lc. 10: 30 a 35). O Senhor mostrou que seu próximo poderia ser até mesmo alguém considerado como inimigo, desde que tivesse usado de misericórdia para com ele. Ficou aí confirmado que Deus não faz acepção de pessoas, e que não é o fato de alguém pertencer ao nosso relacionamento social, religioso ou familiar que o leva a ser considerado como nosso próximo. Deus considera como tal a pessoa que compadece de nós e nos ajuda quando estamos numa situação difícil.  Nesse caso, devemos amá-la como a nós mesmos.

      Esse é o princípio de gratidão que devemos ter para com quem nos ajuda sem segundas intenções. Esse princípio tem implicações mais profundas do que parece, e a principal delas é o dever de sermos gratos eternamente ao Senhor Jesus que se deu na cruz do calvário por todos nós, independente de sermos ou não judeus.

      As Escrituras mostram que fatos semelhantes já aconteceram no passado, quando dirigentes inspirados por Deus, mandaram poupar da morte famílias inteiras que pertenciam aos seus inimigos, por terem elas dado algum tipo de ajuda ao povo de Israel(Ver Js. 6: 25). Isso mostra que Deus valoriza as atitudes de gratidão, independente de qualquer vínculo social que nos pareça importante.

      Os textos bíblicos indicam ainda que no futuro, ao executar o grande julgamento dos povos, Jesus vai dar importante atenção ao aspecto de gratidão das pessoas, considerando-as como “o próximo”, e poupando da morte aquelas que cooperarem com os cristãos em sofrimento no tempo das intensas perseguições do anticristo (Ver Mt. 25: 31 a 40).

      Portanto, é importante definir quem é o nosso próximo com base nas Escrituras, pois amá-lo profundamente é o segundo maior mandamento da lei divina. Veja o que disse Jesus, quando perguntado sobre qual seria o grande mandamento:

     “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt. 22: 37-38-39)

      A cruz do Senhor simbolizou esses dois mandamentos, mostrando a haste - em sentido vertical - como o amor a Deus, e o braço no sentido horizontal como o amor ao próximo. Por isso, a cruz que temos de tomar para seguir a  Jesus(Mt. 16: 24), é a prática desses dois princípios.

     Que o Senhor te abençoe e te guarde.