“ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e quem te obriga a andar mil passos, vai com ele dois mil.” (Mt. 5: 40-41).
Resistir àqueles que nos agridem fisicamente é uma herança negativa vinda de uma sociedade já superada a mais de dois mil anos. Na maioria das vezes não conseguimos reunir forças para dominar nossos sentimentos, fortemente enraizados na idéa de que devemos cobrar na mesma moeda, e acabamos cedendo ao sentimento de vingança. Mas se a vingança representa honra entre os homens, para Deus significa um erro de comportamento, já que a Ele pertence estabelecer a justiça entre o agressor e o agredido (Hb. 10: 30). Essa certamente é a razão de Jesus ter ensinado o princípio da não resistência na dimensão física.
Os versículos acima reproduzidos relatam na íntegra a atitude que o Senhor recomendou a usar diante daqueles que nos agridem. Essas atitudes até têm sido aconselhadas hoje no sentido de preservar nossa vida frente aos perigos de morte. Entretanto, não deveríamos usá-las apenas forçados, mas como conselho do Senhor, pois nesse caso estaríamos colocando Deus como o julgador de nossa causa. As Escrituras mostram que se fizermos isso por fé e obediência, Deus assume nossa demanda, e vence o inimigo para nós.
Veja o que aconteceu com Josafá, rei de Judá, por volta do ano 848 a. C.. Ele se viucercado pelos amonitas que tentavam lhe tomar o reino com um Exército muito superior ao seu. Numa oração pública diante do povo, Josafá clamou a Deus e colocou diante Dele a demanda (2 Cr. 20: 2 a 12). Teve a seguinte resposta:
“… Assim o SENHOR vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, senão de Deus.” (2 Cr. 20: 15).
Normalmente Deus nos dá a força para vencer, mas não nos isenta de passar pela prova. Porém, no caso de Josafá foi diferente. Deus assumiu a batalha, transferindo a luta para Ele próprio, e derrotando o inimigo diante dos olhos – certamente – estarrecidos do exército de Judá (Ver 2 Cr. 20: 21-22).
Portanto, se queremos viver como cristãos fiéis, devemos lutar para por em prática os ensinos de Jesus, mesmo que alguns deles nos pareçam difíceis. O segredo de cumprir a Palavra do Senhor está em nossa decisão de obedecê-Lo, sem olhar para a nossa vontade. Isso foi demonstrado várias vezes nas Escrituras, e um bom exemplo é verificado na forma pela qual Jesus curou os dez leprosos. Atendendo ao pedido de cura, o Senhor apenas ordenou que eles fossem e mostrassem ao Sacerdote. Eles ficaram curados no momento que obedeceram sem questionar (Lc. 17: 14). Esse e outros fatos semelhantes apontam a obediência como a chave que abre as portas para o acontecimento de coisas que nos parecem impossíveis.
Por isso, quando nos sentimos incapazes de vivenciar os ensinos de Jesus, basta tomarmos a decisão de praticá-los pela fé, sem olhar para as circunstancias dos fatos. No momento que procedemos assim, o Espírito de Deus opera, mudando nossa visão para aceitar os objetivos do Senhor. É o poder de Deus capacitando-nos para seguir retamente o Seu caminho. Veja o que disse o apóstolo Paulo:
“porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,” (Fp. 2: 13 e 15).
Amigo, nunca considere impossível a prática dos ensinos de Jesus. Ele foi o único homem que venceu o mundo pela obediência a Deus (Jo. 16: 33). Portanto, sua Palavra é digna de crédito, ainda que não a entendamos em nosso tempo (2 Cr. 3: 5).