“… se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mt. 6: 15).
A idea de que temos o direito de pagar o mal por mal está enraizada na mente humana. Ela vem de um tempo em que a revelação da justiça de Deus ainda estava incompleta, e por isso, permitia a cobrança proporcional das ofensas que recebíamos (Lv. 24: 20). Mas a vitória de Jesus no calvário nos aproximou de uma dimensão maior, mostrando que devemos confiar no julgamento de Deus naquilo que acontece entre nós e nosso ofensor (Tg. 4: 12). Portanto, dentro da visão divina, ainda que tenhamos razão, devemos esperar a cobrança de nosso direito pelo soberano Juiz que julga todas as coisas. A prática dessa postura indica que, como servos de Deus, abrimos mão de nosso ego, e confiamos Nele. Esse é o motivo pelo qual o Senhor exige que liberemos o perdão. Quando assim fazemos, imitamos o Criador que se propôs a perdoar a humanidade, enviando Seu próprio Filho para pagar pelo nosso pecado (Ver Mt. 5: 48).
O versículo acima reproduzido dá uma clara interpretação do que acontece com aqueles que, conhecendo o evangelho, insistem em praticar sua própria justiça. Ele mostra que perdoar não é uma opção; mas um mandamento obrigatório para quem é servo do Senhor. No momento em que não cumprimos esse mandamento, deixamos de ser perdoados por Deus, em relação a muitos pecados que, mesmo sem sentir, temos perante Ele. Isso quer dizer que mesmo tendo razão, quando não perdoamos, passamos a contar com mais uma falta diante de Deus, qual seja o pecado da desobediência (Hb. 10: 30-31).
Portanto, segundo evangelho de Jesus, o cristão que perdoa caminha para a santificação; mas o que nega o perdão engana a si mesmo. Diante disso, veja o que Jesusnos manda fazer:
“Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda.” (Lc. 6: 29-30).
Praticar essa e outras posturas recomendadas por Jesus não é tão fácil como pode parecer; mas é essencial para conquistar a salvação, pois todos sabemos que a graça está posta diante de nós, mas Deus risca do livro da vida aqueles que pecam contra Ele (Ex. 32: 33). O símbolo do caminho que temos de percorrer para chegar a Deus, foi mostrado a Jacó, em forma de uma escada, onde o Senhor estava no topo, e os seus anjos subiam e desciam os degraus (Gn. 28: 12-13). Isso quer dizer que cada vez que superamos nossas dificuldades para praticar um dos mandamentos do Senhor, estamos subindo um degrau na escada da salvação.
Assim, vencer nosso ego e liberar o perdão representa galgar um degrau na subida em direção a Deus. Existem outros degraus difíceis de subir (Lc. 6: 28 a 38). Mas nenhum deles representa algo que o cristão não possa vencer, quando existe uma aliança completacom o Senhor Jesus, pois o próprio Deus no concede os meios necessários à vitória (At. 1: 8).A força para abrir mão de nossas convicções erradas e aceitar de coração fazer o que Jesus mandou, não vem de nós mesmos. Ela vem do Espirito Santo, nos capacitando a substituir os sentimentos do mundo secular pelo que nos recomenda o evangelho, cumprindo-se em nós a promessa de Deus proferida a mais de cinco séculos antes de Cristo. Eis o texto:
“Também vos darei um coração novo, e dentro de vós porei um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e dar-vos-ei um coração de carne.” (Ez. 26: 36).
Amigo, liberar perdão é um dos mandamentos mais difíceis de ser cumprido, mas não é uma muralha intransponível. O obstáculo impossível para o homem vencer foi a determinação de Deus descrita em Gênesis 3: 15b. Ele exigia que o filho da mulher ferisse a serpente na cabeça. Mas isso já passou. Nenhum homem pode vencer; mas Jesus venceu abrindo para nós as portas do reino da glória (Ap. 5: 5-6). Portanto, depois da vitória de Jesus nenhum obstáculo pode deter a salvação daquele que permanecer íntegro diante de Deus. Essa é a razão de Jesus haver declarado que tudo é possível àquele que crê (Mc. 9: 23).