“Jacó partiu de Berseba e foi para Harã. Tendo chegado a um certo lugar, ali passou a noite, ...; tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo de sua cabeça, deitou-se naquele lugar para dormir. Sonhou, e eis posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; os anjos de Deus subiam e desciam por ela. ” (Gn. 28: 10-11-12).
Só através da ação do Espírito Santo alguém pode se converter e discernir entre a natureza divina e a pecaminosa (Jo. 16: 8). Como Espirito de Deus, ele muda nosso senso de julgamento, e a partir daí iniciamos a caminhada para a salvação de nossa alma. Esse é o ponto em que começamos a responder perante Deus pelo que cumprimos ou deixamos de cumprir com respeito aos ensinamentos do evangelho que recebemos (Lc. 12: 47). As Escrituras mostram que o caminho para Deus tem um caráter evolutivo, e é normal encontrarmos nele obstáculos a serem vencidos como se tivéssemos subindo os degraus de uma escada.
O texto acima reproduzido relata sobre o sonho de Jacó quando recebeu a confirmação da antiga aliança que Deus havia prometido a Abrão, seu avô e a Isaac seu pai (Gn. 28: 13-14-15). Deus sabia que de Jacó surgiria as doze tribos de Israel, sobre as quais se assentam as bases do plano de salvação para todos os povos (Ap. 21: 10-11-12). A escada mostrada em sonhos para Jacó estava posta sobre a terra com o topo tocando aos céus. Ela simbolizou o perfil básico do caminho que cada cristão tem de vencer para alcançar as alturas celestes em vida espiritual. Isso foi demonstrado mais tarde quando João Batista – precursor de Jesus – introduziu o batismo como forma de se firmar aliança com Deus perante o evangelho. Veja o que ele disse. Eis o texto:
“... Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias; este vos batizará com o Espírito Santo e com fogo..” (Lc. 3: 16).
As palavras de João Batista transmitem o sentido de que o batismo com fogo é representado pelos desafios que o cristão enfrenta no caminho para restauração da plena comunhão com Deus (Gn. 3: 9 a 12). As Escrituras mostram que no princípio, Deus deu ao homem a unção de querubim da guarda; mas ela foi perdida no momento em que o homem pecou (Ez. 28: 14-15-16). Para Deus, nosso gesto de descer às águas é definido como a linguagem daquilo que está realmente em nosso coração. Assim, quando decidimos batizar, estamos sinalizando para o Senhor o propósito de matar o velho homem e aceitar dentro de nós o nascimento do novo homem que tem por alvo viver de acordo os princípios ensinados por Jesus. A confirmação de que o Senhor nos aceitou vem através do batismo com o Espírito Santo.
Entretanto, o último evento a que João chamou de batismo com fogo, são os desafios que surgem no caminho, e que temos de vencê-los pela fé (Ef. 6: 16). Estamos sujeitos a encontra-los ao longo da vida cristã. Eles estão prefigurados nos degraus da escada vista por Jacó. A cada vez que usamos a fé e vencemos um desafio, subimos um degrau na escada que conduz à salvação, e nos aproximamos um pouco mais da estatura que Deus exige para restaurar a comunhão com Ele perdida pelo homem (Gn. 3: 23). Quando não estamos conseguindo vencer, mas permanecemos fiéis e perseverantes, os anjos de Deus descem a escada para nos ajudar. Não os vemos aos nossos olhos físicos, pois eles são seres espirituais enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb. 1: 14). Nem sempre reunimos requisitos necessários para vencer os obstáculos representados pelos degraus que devemos subir. Mas quando involuntariamente fracassamos a mão poderosa do Senhor dos Exércitos coloca os seus anjos ao nosso redor e nos livra (Sl. 34: 7). Isso acontece também quando vivemos em fidelidade e no meio do caminho somos alcançados pela morte. Veja o texto:
“Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. ” (Lc. 16: 22).
Observem que nem todos têm o privilégio de subir levados pelos anjos de Deus. Há quem fica apenas sepultado. Esses não tiveram a sorte de ser chamados para o santo caminho, não buscaram a Deus e viveram na prática das imundices mundanas. Veja o texto:
“E ali haverá um alto caminho, um caminho que se chamará O Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para o povo de Deus; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão. ” (Is. 35: 8).