“Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver.” (Mc. 10: 51).
Um detalhe importante quando vamos pedir a Deus alguma coisa é a clara definição do que desejamos (Is. 43: 26). Apesar de conhecer nossos sentimentos, o Senhor quer que venhamos a expor nossas razões para que Ele possa nos justificar. Isso é uma demonstração de que Ele respeita profundamente a nossa vontade, e, portanto não devemos misturar pedidos desordenadamente (1 Co. 14: 40).
O versículo acima reproduz a pergunta que Jesus fez ao cego Bartimeu antes de curar sua cegueira (Mc. 10: 52). Bartimeu não só era cego como também mendigo, e Jesus tinha plena consciência de que sua maior necessidade era ter uma visão perfeita. Mas mesmo assim, ao se aproximar dele, fez questão de leva-lo a declarar o que desejava. Muitos podem pensar que essa pergunta era desnecessária. Mas na visão do Senhor ela precisava ser feita, pois ele considerava profundamente o caráter do Pai, respeitando a vontade do homem em todos os sentidos, e levando cada um a definir com precisão o alvo pretendido.
Essa atitude é um indicativo de que devemos definir o alvo que buscamos perante Deus em nossas orações, não pedindo várias coisas ao mesmo tempo, pois Deus não é Deus de confusão (1 Co. 14: 33). Os pedidos feitos desordenadamente podem não ser considerados, por demonstrar falta de dedicação e respeito. É bom notar que até mesmo as autoridades humanas exigem que nossos pedidos sejam postos em ordem quando a elas nos dirigimos. Portanto, quando vamos a Deus devemos delinear aquilo que julgamos ser nossas razões e apresentar argumentos justos. Entre detalhes observados em várias orações respondidas destacamos aqui aqueles que se fizeram presentes na oração do rei Ezequias quando se achou enfermo e à beira da morte. Veja sua conduta na transcrição do texto abaixo:
“Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR, dizendo: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração, e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo.”(II Re. 20: 2-3).
Ezequias realmente havia servido a Deus, cumprindo com retidão a lei de Moisés, e por isso teve justificativa para apresentar suas razões ao Senhor. O alvo era algo quase impossível, por se tratar do prolongamento dos dias de sua vida. Mas ele apresentou argumentos justos e definição precisa. Deus o atendeu de imediato (II Re. 20: 4-5).
Possivelmente essa foi uma atitude raríssima tomada por Deus, pois no momento em que somos gerados ainda no ventre, Ele determina quantos dias vamos viver. Veja o texto:
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Sl. 139: 16).
Portanto, quando Deus disse que Ezequias iria morrer, é porque os dias que lhe foram determinados estavam vencidos (II Re. 20: 1). Mas a postura de Ezequias levou o Senhor a abrir mão do tempo vencido, e prolongar sua vida na terra. Ficou demonstrado assim o grande apreço de Deus para com aqueles que procedem diante Dele com reverencia, integridade, e inteireza de coração.
Amigo, apesar de conhecer nossas necessidades, Deus respeita profundamente a vontade do homem, e por isso devemos definir o alvo de nossos pedidos quando oramos a Ele. É uma questão de respeito à autoridade daquele que tem poder até mesmo para chamar à existência o que não existe (Rm. 4: 17). É da vontade Dele que busquemos a perfeição em tudo o que fazemos. Veja a recomendação de Jesus: “… sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt. 5: 48).
O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te dê a paz.