“Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? ” (Mc. 8: 23).
Temos uma tendência natural a repetir movimentos semelhantes quando executamos tarefas para produzir algo que já fizemos outras vezes. Essa tendência é justificada até certo ponto, porque a experiência acumulada em nossa memória passa a ser usada automaticamente exigindo menor esforço, diminuindo a fadiga e o risco de errar. Ela foi explorada até mesmo pelos primeiros idealizadores da simplificação de trabalho, na época da revolução industrial, visando ao aumento da produção nas fábricas americanas e francesas. Portanto, é algo inerente à natureza humana, que existe mais em algumas pessoas e menos em outras, mas está presente em todos nós.
Através das Escrituras, é possível verificar que Jesus quase não fazia uso dessa natureza, comum nos seres humanos. Em cada pessoa que curava, ele apresentava gestos diferentes para um mesmo tipo de enfermidade. Cremos que ele procedia dessa forma para prefigurar a situação de muitos cristãos de nosso tempo.
O versículo acima transcrito foi a pergunta de Jesus a um cego curado na região de Betsaida. Uma das atitudes diferentes do Senhor nesse caso, foi a de tirar o cego fora da aldeia, recomendando,depois da cura, para que não retornasse mais a ela(Mc. 8: 26). Com toda certeza, aquela aldeia não era o local indicado para o bem daquele cego. Isso prefigurou situações que acontecem em nossa vida hoje. Às vezes aceitamos freqüentar locais, ou grupos, inadequados à nossa condição de cristãos, onde as influências levam à cegueira espiritual, e corrompem nossa fé. É um tipo de armadilha do diabo para que venhamos a perder o direito às bênçãos de Deus. Veja o texto:
“todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.”(Hb. 10: 38).
A fé em Cristo é um presente especial. Fomos eleitos pelo Altíssimo, entre milhões de outras almas, para sermos vistos pelo mundo espiritual e físico como propriedade exclusiva do Senhor (I Pe. 2: 9). Por isso, devemos guardá-la como um tesouro, preservando de qualquer coisa que possa causar danos (Mt. 13: 45-46).
Outro detalhe importante no versículo apresentado foi a pergunta do Senhor, depois da imposição de mãos, se o cego estava vendo alguma coisa. Ele respondeu que via os homens, porém como árvores(Mc. 8: 24). Essa é outra situação que tem a ver com nós hoje. Muitos de nós já fomos tocados pelo Espírito de Deus e convertidos ao evangelho, mas ainda estamos com a visão deficiente a respeito das promessas que Jesus conquistou e colocou à nossa disposição. Às vezes não estamos sendo abençoados porque não temos a convicção plena de nossos direitos diante de Deus.
Notem que diante da resposta do cego, Jesus tocou pela segunda vez e ele passou a enxergar longe, distinguindo a todos(Mc. 8: 25). Um segundo toque do poder de Deus é o que muitos de nós precisamos.
Portanto, amigo meu, busque um segundo toque de Jesus em sua vida. Se você estiver na aldeia errada, certamente ele fará com que você possa distinguir as coisas ao longe para decidir se deve abandoná-la. Lembra da Promessa. Veja o texto: “... e tudo o que pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (Jo. 14: 13)
Isso quer dizer que sua espada de luta, a Palavra de Deus, ficará afiada em tua boca, e você terá condições de impedir previamente a entrada do inimigo(Veja Mt. 7: 24-25).