“E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.” (Lc. 7: 44).
Os dons concedidos por Deus são irrevogáveis, e estão impressos de modo intocável na alma humana. No íntimo, o homem conserva as características que lhe foram concedidas desde o princípio da criação. É como se criássemos um produto, colocando nele um carimbo irremovível de nossos dados. Essa é a razão pela qual, mesmo corrompido pelo pecado, a natureza divina não de existir nas pessoas. Entretanto, perdemos a noção dela na proporção em que somos bloqueados da comunhão com Deus. Isso é uma característica exclusiva do ser humano, refletindo a afirmativa de que somos a imagem e semelhança de nosso Criador. Assim, o desejo de ser considerado – ou agradado – pelas pessoas que nos cercam é uma das formas características da herança de Deus em nós.
O versículo acima transcrito reproduz as Palavras de Jesus a um fariseu que o convidara para jantar. O texto completo relata que o Senhor entrou na casa onde fora convidado, e tomou lugar à mesa. Mas em meio aos nobres religiosos que ali se reuniam, surgiu uma mulher que, segundo o julgamento deles, não vivia na obediência da lei de Moisés, e, portanto, não devia ter acesso àquela reunião. Mas sem importar com o que poderiam julgar a seu respeito, a mulher dobrou-se aos pés de Jesus, e usando um perfume de alto valor os lavava, regando com lágrimas e enxugando com seus próprios cabelos. Isso representou um gesto de humilhação e adoração ao mesmo tempo, mostrando empenho especial em agradar ao Senhor. Sem considerar essas circunstâncias os fariseus a condenavam. Por isso, Jesus, conhecendo seus pensamentos, disse a Simão, o dono da casa, o que lemos do versículo acima.
O gesto de adoração daquela mulher moveu o sentimento de Jesus, sem se importar com sua conduta mundana. Mas os religiosos a olhavam através de seus pecados, e condenavam mesmo diante do que estavam vendo. Isso os impedia de perceber a realidade do que acontecia no coração dela naquele momento. Porém, Jesus procurou olhar com bons olhos, praticando assim um dos princípios que devemos observar no relacionamento com as pessoas. Veja o que ele já havia recomendado. Eis o texto:
“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas.” (Mt. 6: 22-23).
Ele mostrou que na prática da justiça divina devemos valorizar os pontos positivos que encontramos nas pessoas. No mundo de hoje, é muito difícil praticar esse princípio, pois a maldade prospera a cada dia, invadindo os corações até mesmo daqueles que têm um compromisso com o Senhor (Mt. 24: 24).
Entretanto, é necessário haver esforço de nossa parte nesse sentido, pois esse é um dos muitos detalhes do caminho que leva a Deus. (Mt. 5: 14). Os que não praticam os ensinamentos do Senhor olham para as pessoas como os fariseus olharam para aquela mulher, e ao fazerem isso atraem as trevas. Perante os olhos de Deus quem almeja praticar a justiça divina deve olhar para as pessoas da mesma forma que Jesus olhou aquela mulher. Esse é um dos detalhes do caminho que nos leva a ser vistos por Deus como a luz do mundo (Mt. 5: 14).
O texto bíblico mostra que além de condenar a atitude daquela mulher, os fariseus cometeram também o erro de censurarem Jesus por aceitar o que ela estava fazendo (Lc. 7: 39). Esse tipo de erro acontece muito com nós. Julgamos as pessoas baseados nos parâmetros daquilo que achamos que é certo ou errado. Cabe uma pergunta: Será que estamos sendo aprovados por Deus? Um dia vamos prestar conta a Ele, e nossas atitudes serão exibidas (Ap. 20: 11-12).
Amigo, Deus é soberano sobre todas as coisas, e importa que O agrademos de modo especial. Observe que para agradar a Deus, Jesus deixou de agradar aos homens influentes da época, mostrando que todos nós pecamos e carecemos da graça do Senhor (Rm. 3: 23). Não podemos esquecer de que em cada coração humano existem inúmeros desejos que só Deus pode torná-los realidade. Portanto, devemos procurar agradá-Lo, cumprindo fielmente o que Ele manda, para que também os nossos desejos sejam satisfeitos (Sl. 37: 4).